Acabei de ler essa semana As Crônicas de Nárnia de Clive Staples Lewis. Foi uma das leituras mais prazerosas que já tive. Fui tão envolvida pela história que terminei todos os sete livros em um mês. Não sei se consigo fazer uma análise que difira das outras já feitas destas obras, que desde 1950 têm sido lidas, analisadas, adaptadas para as mais diferentes linguagens.
O primeiro contato que tive com essa história foi em 2005 na época do lançamento do filme As Crônicas de Nárnia - O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa. Havia um cartaz de divulgação do filme no cinema e me lembro de tê-lo visto e comentado que não gostava desse tipo de fantasia. Na época eu desaprovava filmes fantasiosos que fugiam totalmente à realidade. Preferia filmes como O Diário de uma Princesa ou Splash, Uma sereia em minha vida (sim leitor, eu sei o tamanho da ironia do que acabo de dizer). Entretanto, gostei muito do filme quando assisti. Achava estranha a presença de faunos, centauros, gigantes ou anões, mas gostei da trama e principalmente da associação da figura do Leão à de Jesus Cristo. E é nesse ponto que quero chegar.
Você certamente já deve ter conhecido algum cristão irredutível ou até mesmo alienado. Daqueles que fazem tudo o que Cristo não queria que se fizesse: julgar pela aparência, excluir o próximo ao invés de ajudá-lo, entre outras coisas... Pois, de certa forma, eu era uma dessas pessoas. Não acreditava que as mitologias pagãs devessem se misturar às narrativas bíblicas. Pensava isso sem levar em consideração o conceito de Literatura.
O apóstolo Paulo disse que devemos examinar todas as coisas e reter o que é bom. O processo de apreciação da arte passa por esse princípio. A arte da literatura não têm como objetivo apresentar nenhuma verdade, ao contrário, não há compromisso algum com a verdade em um texto literário, ainda que este seja baseado em fatos reais ou fontes "confiáveis". A imaginação é a matéria-prima do trabalho literário. Seria portanto inconcebível criticar uma obra por misturar elementos místicos, mitológicos e bíblicos. A leitura de um texto literário não vai mudar minhas crenças, mas ampliar minha maneira de ler o mundo.
Enquanto repelia o "fantástico" da minha realidade, perdi a oportunidade de conhecer e apreciar muitas coisas como filmes, livros, músicas, peças de teatro... Adiei a maravilhosa experiência de ler um livro tão fantástico quanto As Crônicas de Nárnia ou ver filmes tão bem feitos como O Senhor dos Anéis. Ao menos me redimi a tempo de buscar pra mim conhecimento cultural que vai a cada dia mudando minha maneira de pensar e de interpretar a vida ao meu redor.
"Em literatura, o meio mais seguro de ter razão é estar morto"
Victor Hugo
Victor Hugo
Muito legal o seu blog. Já estou seguindo.
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